Os acordos de NAMIBE



Introdução
Cabinda é um território angolano ainda em guerra. O enclave rico em petróleo tem um acordo de paz assinado há cinco anos. A FLEC (Força de Libertação do Enclave de Cabinda) e o governo parecem fazer letra morta ao documento. Segundo fontes locais, a repressão a correntes consideradas "alternativas" aumentou.


A Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) é uma guerrilha separatista e movimento político que luta pela independência de Cabinda uma dasprovíncias de Angola,1 anteriormente sob administração portuguesa. Aquando da independência de Angola de Portugal, em 1975, o território tornou-se uma província da então recém-independente Angola.
A FLEC actua na região ocupada pelos antigos reinos de Kakongo, Loango e N'Goy
História
Em 1 de Fevereiro de 1885 o Tratado de Simulambuco foi assinado, estabelecendo Cabinda como um protectorado português.2 3 Foi erguido no local um monumento a comemorar a data.
Em 1963, três organizações — o Movimento para a Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC), o Comité de Acção da União Nacional de Cabinda (CAUNC) e aAliança Nacional Mayombe (ALLIAMA) — fundiram-se para formar a FLEC.
bandeira do MLEC era amarela, com uma insígnia no centro que mostrava o Mayombe. O líder do grupo era Luiz Ranque
Franque, que se recusou a participar de outros movimentos independentistas angolanos. Em seguida a FLEC adotou uma bandeira com faixas vermelha, amarela e azul - uma cor para cada um dos grupos que formaram a organização, com um novo emblema - uma estrela branca e um triângulo verde dentro de um anel - no centro.
Durante a Guerra Colonial Portuguesa (1961-1974), os movimentos nacionalistas de Cabinda lutaram contra as Forças Armadas Portuguesas.
Depois que o regime do Estado Novo, que governou Portugal e os seus territórios ultramarinos, foi derrubado, durante o golpe militar da Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974, a independência foi oferecida a todos os territórios dependentes, incluindo Angola.
Em 1975 a FLEC formou um governo provisório, liderado por Henriques Tiago, que proclamou a independência de Cabinda de Portugal a 1 de Agosto; Luiz Ranque era o presidente.
Entre Novembro de 1975 e 4 de Janeiro de 1976 o enclave de Cabinda foi retomado por soldados do Movimento Popular de Libertação de Angola, o MPLA, um dos movimentos independentistas dominantes daquele país, apoiado por tropas de Cuba. O MPLA rapidamente conquistou o domínio das áreas urbanas de Cabinda, enquanto a FLEC manteve o controle da zona rural.
A FLEC dividiu-se em três facções: FLEC-Ranque Franque, FLEC-N'Zita, liderado por N'Zita Henriques Tiago, e FLEC-Lubota, comandado por Francisco Xavier Lubota.
Em Novembro de 1977 outra facção, o Comando Militar de Libertação de Cabinda, foi criado. Em Junho de 1979 as Forças Armadas de Libertação de Cabinda criaram outro movimento, o Movimento Popular de Libertação de Cabinda (MPLC).
Na década de 1980 a FLEC recebeu ajuda da União Nacional para a Independência Total de Angola, a UNITA, com o apoio da África do Sul, que se opunham ao governo de Angola, controlado pelo seu rival, o MPLA. Em 1988 o Comité Comunista de Cabinda (CCC), liderado por Kaya Mohamed Yay, abandonou a FLEC. Na década seguinte outra facção, a União Nacional de Libertação de Cabina, comandada por Lumingu Luis Gimby, foi criada.
A FLEC original foi reformada na década de 1990, e duas facções foram fundidas: a FLEC-Renovada, cuja bandeira era branca, com uma faixa central dividida em três cores (verde, amarelo e negro, com um anel vermelho no centro da bandeira), e a FLEC-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), que continuou a usar a bandeira original vermelha, amarela e azul.
Outro grupo foi criado por expatriados de Cabinda na Holanda, em 1996, à Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-Lopes), que utilizou uma bandeira azul, amarela e negra com o monumento de Silambuco no centro.
Em Dezembro de 2002 as Forças Armadas de Angola anunciaram a captura da FLEC-Renovada. Em Agosto de 2006 um cessar-fogo foi assinado entre a FLEC-Renovada e o governo de Angola. Este acordo foi denunciado como uma fraude pela maior parte dos grupos cabindas, tanto dentro quanto fora do território. A FLEC-FAC continuou a luta pela independência, dentro e fora de Cabinda; em Outubro de 2006 a FLEC-FAC solicitou à Comissão de Direitos Humanos e dos Povos da União Africana uma intervenção.
Sequestros
A partir de 2000, membros do grupo passaram a manter alguns cidadãos internacionais como reféns em Cabinda. Em Março de 2001 a FLEC-Renovada sequestrou cinco empregados portugueses de uma firma de construção civil, que foram libertados três meses depois.
Em Maio de 2000 a FLEC-FAC raptou três empregados estrangeiros e um cidadão nacional, de uma empresa portuguesa, e libertou-os dois meses mais tarde
Memorando que prevê diálogo entre governo e resistência cabindense parece não surtir efeito esperado. Governo aponta existência de grupos subversivos e classifica ações de opositores como "terrorismo".
Acordo do Namibe
Cinco anos depois da assinatura do memorando de entendimento para a paz em Cabinda a guerra parece permanecer no enclave. Quando no dia 1 de Agosto de 2006, António Bento Bembe, presidente do Fórum Cabindês para o Dialogo, e Virgílio de Fontes Pereira, então ministro da administração do território, assinaram o acordo, a intenção era o fim do conflito.


Subversão e Terrorismo
No início deste ano, o Governo angolano reconheceu oficialmente a existência de um conflito em Cabinda. Através de um comunicado enviado à agência de notícias estatal, Angop, e transcrito parcelarmente por todos os órgãos de comunicação social, Luanda "revela" que no enclave persistem "apenas focos de instabilidade potencial, nomeadamente atos de subversão e terrorismo assumidos pela FLEC".
O regedor, Reje Matoko, autoridade tradicional de Cabinda, disse que não concorda com a ideia de que o enclave não esteja em paz. "Mesmo se não houvesse um memorando de entendimento, o governo sempre se preocupou com o desenvolvimento da região, assim como toda Angola", disse.
Desde a assinatura do memorando, fontes do enclave dizem que há uma clara limitação na circulação de pessoas e meios e falta de liberdade de expressão na região. Ao mesmo tempo, fontes apontam intensificação da presença das forças armadas angolanas no território.
Num comunicado divulgado em Março, o Executivo angolano afirmava que o processo de estabilização, reconstrução e desenvolvimento da província de Cabinda está a ser levado a cabo.
O Governo e o FCD criaram uma Comissão Conjunta, incluindo uma Comissão Militar Mista, com o objectivo de fiscalizar a aplicação do Memorando de Entendimento.
A nota final indica também que, as conversações de paz entre as duas delegações decorreram num clima de fraternidade, responsável e aberto e com elevado espírito de paz e reconciliação, tendo permitido a discussão e conclusão positiva das negociações.
No discurso de encerramento da cerimónia, o ministro da Administração do Território de Angola, Virgílio de Fontes Pereira, o chefe da delegação angolana, disse que o mérito das negociações entre as partes deve - se ao facto de se ter conseguido pela primeira vez, de forma incontornável e irreversível», um entendimento para a paz e reconciliação no enclave.
Outro mérito dessas negociações prende-se com o facto de as mesmas terem possibilitado, de modo inequívoco, que sejam estabelecidas as condições para se acelerar o processo de reconstrução e desenvolvimento da província de Cabinda, permitindo que as suas populações desfrutem de todas as suas potencialidades, tendo em conta o pressuposto da paz, estabilidade, reconciliação e democracia», disse.
Segundo o governante angolano, o estatuto especial para Cabinda, aprovado entre as partes negociantes, «não consiste no fim em si destas negociações, mas constitui antes de tudo um instrumento para afirmação do desenvolvimento das populações de Cabinda».
O processo de paz para Cabinda é sério, incontornável e atingiu uma fase absoluta de não retorno», disse o chefe da delegação governamental acrescentando que «se pode apontar aqui o mérito de termos selado o início de um processo definitivo de paz».
Por sua vez, o presidente do FCD, António Bento Bembe, reiterou o compromisso no cumprimento dos acordos assinados, no quadro do processo de paz para a província nortenha de Cabinda.
De acordo com Bento Bembe, terminada que está a fase de negociações seguem-se imediatamente o cessar-fogo, a assinatura do Memorando de Entendimento e a entrada em funcionamento da Comissão Conjunta.
Estamos satisfeitos porque ganhamos aos podermos conseguir sentarmo-nos com a delegação do Governo e discutirmos sobre o futuro estatuto de Cabinda, um estatuto baseado no reconhecimento pelo governo das especificidades históricas, geográficas e sócio - culturais da província», disse Bento Bembe.
Um instrumento legal essencialmente político-administrativo que confere a Cabinda um conjunto de áreas com poderes próprios que serão exercidos pelas autoridades provinciais», acrescentou.


Conclusão
Depois de uma série pesquisa na cadeira e tema acima mencionado, chego à conclusão que o Acordo do Namibe, como ficou conhecido, em homenagem à cidade que acolheu a assinatura, hoje parece não vigorar. Há alguma fragilidade na FLEC, mas o conflito se mantém. Acredito que são táticas de guerrilha que eles optaram pela posição que o regime tomou nas questões de segurança.


Referências Bibliográficas
-         AlʻAmin Mazrui, Ali. The Warrior Tradition in Modern Africa, 1977. Page 227.
-        Ir para cima↑ Shillington K., Encyclopedia of African history, Volume 1, p197 ISBN 978-1579582456
-        Ir para cima↑ James, W. Martin. Historical Dictionary of Angola. [S.l.: s.n.], 2004. p. 60.



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19 de agosto de 2014 às 03:19

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